Vamos finalmente falar do Amor e do Medo. Este será provavelmente um post gigante. Mas
é também o post mais importante e sério já redigido neste blog. Abençoados sejam os que lerem até ao fim.
O AmorVamos começar pelo Amor. O Amor é uma coisa engraçada, porque aparentemente já não existe Amor Verdadeiro - cuja definição implícita espero deixar clara neste post.
O que existe agora são interpretações do Amor. "Para mim o Amor é isto". "Para mim é aquilo". "Ah não, eu acho que o Amor é assim". "Não não, Amor é assado!". Interpretações.
Espero que as vossas pequenitas mentes consigam acompanhar este raciocínio.
Interpretações.
Uma interpretação não é uma realidade. Na realidade eu tenho um livro, na putatividade tenho interpretações sobre o que o autor queria dizer. Na realidade o autor tem a sua verdade, nós temos interpretações dessa verdade. Mas a Verdade existe.
O melhor exemplo para ilustrar isto é o orgasmo - de que já tanto aqui se falou.
Quantas interpretações é que vocês conhecem do orgasmo? Nenhuma. Quantas vezes se dá esta conversa: "ah não, para mim um orgasmo é isto", "não não, para mim é aquilo..."? Nenhuma, certo? No máximo temos comparações de estados diferentes de orgasmo.
Não é possível haver interpretações porque - felizmente - nós ainda sentimos orgasmos. É uma das últimas coisas que ainda nos permitimos sentir, porque é a única forma de os ter. Se nos mantivermos na mente e na racionalidade nunca vamos ter a experiência do orgasmo. Como já foi falado antes,
quando estamos no momento preciso do orgasmo não estamos a pensar em nada. Estamos simplesmente lá.
Compreendido até aqui? Eu sei que é complicado acompanhar estas coisas. É melhor lerem de novo. Eu espero. Já está? Vamos lá continuar então.
Então - na visão deste vosso Coach -
quase não há Amor. 90% dos relacionamentos não são relacionamentos assentes no Amor. São meras interpretações do Amor. São conceptualizações. São racionalizações.
São coisas que sentimos na cabeça e não no coração. Porque se vivêssemos profundamente o Amor - se o sentíssemos absolutamente - não seria necessário interpretá-lo. Não haveria várias definições ou abordagens.
O Amor seria aquilo que apenas É. Amor. Sem quaisquer adereços.
Tal como o orgasmo,
o Amor é um estado profundo, um sentimento, uma vibração interior. E quando a sentimos é algo de inigualável, quase indescritível.
Não há nada tão intenso, profundo e bonito como o sentimento puro de Amor.
O Medo e o AmorOra bem, que têm o Medo a ver com Amor? Nada. Costumam dizer que o contrário de Amor é Ódio. Nada mais longe da verdade, do ódio ao
amor - e vice-versa - vai um saltinho minúsculo. Muito mais inteligentemente há quem diga que o contrário de Amor é indiferença - e com isto já concordo. Mas, mais inteligentes ainda, parecem-me ser os raros que dizem que
o contrário de Amor é medo.
Se esmiuçarmos bem a questão, não é difícil compreender que existem dois sentimentos base na nossa estrutura emocional:
O Amor - num extremo - e o medo - noutro extremo. Todos os outros sentimentos derivam destes. A alegria, compaixão, amizade, empatia, o riso, o bem-estar, a felicidade, o êxtase, a euforia, yada yada yada, derivam do Amor. A tristeza, a angústia, a depressão, o ódio, a raiva, a ansiedade, a violência, yada yada yada, derivam do Medo. Se tiverem dificuldade em compreender estas derivações, meditem um pouco no assunto. Tenho a certeza que conseguem chegar ao porquê da violência não derivar do Amor e da compaixão não derivar do medo.
Leram bem os dois parágrafos anteriores? Mesmo, mesmo?
Isto não é para ler na diagonal. É para estudar, compreender, sentir e assimilar. Conseguiram encontrar sentido em tudo o que se disse? Vamos lá... leiam só mais uma vez, o Coach espera.
Ora bem - tendo bem presente estes conceitos base - vamos então ao busílis da questão.
A maioria dos sentimentos que sustêm as relações "amorosas" que temos/tivemos na nossa vida não são sentimentos que de Amor, mas sim de medo. Os sentimentos que dominam a maioria das nossas relações são: insegurança, ciúme, controle, dependência, expectativa, angústia, ansiedade, manipulação, exigência, yada yada yada. E
todos estes sentimentos têm a sua raiz no medo e não no Amor.
O Amor é o sentimento mais puro, sublime, incondicional e ilimitado que existe. E nós somos uns maricas. Como somos maricas e nós é impossível abarcar este conceito idílico de Amor,
criámos uma espécie de mímica, um modelo - baseado no medo, sentimento com que já lidamos muito melhor -
que imita o Amor. Que nos dê a ilusão da magnificência que é Amar.
E já vos estou a ouvir "ahh mas eu sofri imenso, queres-me dizer que não Amava realmente, quando sofri tanto?". Sim, pequenito. É exactamente isso que te quero dizer.
Temos esta ideia parva de que se sofremos muito é porque amamos imenso. Tretas. Sofrer não tem nada que ver com Amor, o sofrimento não é produto do Amor mas sim do medo. O sofrimento é produto desta mímica absurda que fazemos para nos enganarmos a nós mesmos e ficarmos quentinhos e confortáveis, comodamente assentes numa relação estéril e vazia.

A maioria das relações começam lá em cima.
Cheias de Amor, de Paixão, de desejo, de êxtase, de partilha, de cumplicidade. Mas - quase quase imediatamente - o medo toma conta de tudo. Se estamos sozinhos temos medo de nunca encontrar alguém. Quando encontramos alguém - após o primeiro "Amo-Te" - passamos o resto da vida com medo de perder esse "amor". E então vamos tentando delimitar as coisas, acertar os limites, definir o que gostamos, não gostamos, o que queremos e não queremos, se somos compatíveis ou não, se "funcionamos" ou não, o que me magoa e ela não pode fazer, o que a magoa e eu não posso fazer e "
à mínima coisinha entramos logo em diálogo". Mente, razão, lógica. E
muito pouco coração, muito pouca espontaneidade, muito pouco sentimento.Temos medo. E
construímos as nossas relações com base nos nossos medos, nas nossas angústias, nos nossos traumas, no nosso passado, nos nossos projectos de futuro. Medo, medo,
medo e muito pouco Amor.
O Amor é uma nota de rodapé na maioria das relações amorosas.
Ufa. Está dito. Estão chateados e revoltados? Acham que isto é treta? Sentem que são diferentes e vivem plenamente em Amor? Testem-se então pequenitos: vocês vão a passear num jardim e dão de caras com a vossa menina, sentada num banco de jardim a conversar com um amigo dela, a rirem-se ambos a gargalhada, ele faz-lhe festinhas no braço de vez em quando e sorriem muito cúmplices um para o outro. O que é que vocês sentem ao verem a vossa menina nesta situação? Se sentem ciúmes, insegurança, ira ou medo digam-me que parte do Amor que nutrem por ela é que sente isso?
Que parte do Amor que nutrem pela vossa cara metade é que fica incomodado ao vê-la tão feliz?
Que parte do Amor é que é possessivo? Que parte do Amor é que não confia? Que parte do Amor é que é inseguro?Nenhuma.
Vocês sentem ciúmes exactamente porque não estão a Amar aquela pessoa.
Gostam dela, estão
dependentes dela, nutrem um sentimento de
posse,
exigem certos comportamentos,
esperam certas atitudes, tem uma grande amizade, estão imensamente
acomodados, é-vos muito
confortável toda a vida que construíram em conjunto com ela, ou qualquer outra variante.
Mas não a Amam Verdadeiramente. E não se sintam mal,
90% das pessoas estão com vocês. E esse 90% das pessoas nem vai querer fazer esforço nenhum para aprender a Amar. Porque dá trabalho, porque mexe com os nossos medos, porque implica mexer em partes de nós que não queremos mexer... e é muito mais fácil passar a vida toda ao sabor da maré do que mudar.
90% das pessoas nem vai absorver a mínima parte deste post. Porque
vão perder mais tempo a compreendê-lo - com a mente, do que a senti-lo - no seu coração. E este post - assim como o Amor - vem e vai directo ao coração. A mente nunca o vai compreender, nunca vai conseguir encontrar lógica, os medos vão logo extrapolar e hiperbolizar todas as questões, colocar cenários hipotéticos em que o nosso medo é Rei e nos dirá prontamente "nem pensar, era o que faltava... daqui a pouco estamos a ser assim e assado não?". Pois, eu sei. Eu compreendo-vos petizes. Desejo-vos a melhor sorte.
90% das pessoas não faz ideia da fatia de vida que está a perder. Não podem fazer, porque se fizessem dariam este mundo e o outro para chegar lá. Para Amar, para Viver, para Ser.
Nada nos faz sentir mais vivos que Amar Verdadeiramente. E, hoje em dia, vivemos num cemitério.
Haja coragem, haja determinação, haja força. Possam vocês ressuscitar e sentir-se vivos novamente. Possam vocês ser dos 10% que Amam. Possam vocês ser livres de dogmas, complexos e preconceitos. Possam vocês abrir as asas e voar. E tudo começa com uma firme decisão interior. Do it.
"90% de todas as percentagens são inventadas. Incluindo esta" - The Love Coach